Referendo sobre o aborto
Apenas vai a minha opinião, portanto não me interpretam doutra forma :-)
Não quero convencer ninguém mas partilho aqui mais alguma luz para o problema e pontos que quase nunca foram focados ainda, por ambos os "lados".
Após ter reflectido bastante, penso que o referendo para a despenalização não resolve nada. A aposta na educação sexual e planeamento familiar sim é uma solução. Nisso creio que ambas as partes (tirando extremismos) estão de acordo.
O que vou agora expressar é puramente a minha visão (cada um tem a sua claro), para mim (e isto é uma questão interior) o aborto é uma prática similar à do suícidio invocando a mesma fuga à realidade.
Seria mais prático para a mãe que engravidou sem o desejar, dar os seus filhos para adopção e evitava assim até os eventuais traumas que fazer um aborto costuma provocar.
Não é uma solução sensata e melhor?
Porque é de soluções que estámos à espera, não de resolver problemas com meias-soluções.
Por estes motivos, e mesmo sendo muito mais simpatizante das ideias de esquerda, irei votar não no referendo.
Para mim não é uma questão política, nem é uma questão dos liberais vs conservadores ou direita vs esquerda, ou nem sequer vida vs liberdade. É uma questão de valores e creio que os valores de hoje em dia são escassos e tudo se justifica, infelizmente, para fazer algo.
E para mim liberalizar o aborto apenas resolve o problema das péssimas condições em que são feitos. É uma meia solução.
A sociedade deveria focar-se na solução do problema original sem estar a recorrer a argumentos de pró-liberdade ou de pró-vida (que são aceitáveis claro) mas que a meu ver continuam a fechar os olhos ao problema inicial.
Mais digo que antes até tinha a mesma ideia liberal que tenho hoje em dia, mas concluí que também era apenas parcialmente adequada. A questão original de colocar os valores à frente e tentar solucionar o problema à raíz, é o mais importante de reflectir.
Boas reflexões a todos.
Adenda: após mais alguma reflexão :-) creio que votar em branco, pois a meu ver o referendo (e alteração ou não de lei proveniente de quer ganhe o sim ou não) não tem qualquer utilidade. Não se salvaguarda de modo nenhum a educação sexual, nem a opção da adopção nunca é colocada. Nem se defende (e isso é o mais importante) as condições psicológicas da mulher.
A meu ver, a mulher estaria mais salvaguardada se a opção da adopção lhe fosse colocada tendo que o Estado lhe disponibilizava soluções para lhe encontrar pais legais.
Mas continuo, para que abortar? Se ainda é um acto pouco ético e traumático.
É como legalizar a corrupção para evitar que esta cause transtornos legalizando esta e colocando taxas que vão para o estado. Digo a corrupção ou qualquer outro acto imoral.
14 comentários:
A minha reflexão leva-me a votar SIM. Mas estou plenamente de acordo quanto à importânca de outrsa medidas que permitem diminuir a necessidade de se recorrer a esta medida extrema.
Por isso, não estou feliz por haver agora uma hipotese de ver o aborto liberalizado. Estou triste porque quem de direito não está a agir na sequência que eria a mais lógica e favorável.
1º dever-se-ia fazer todos os possíveis para melhorar campos como educação sexual e planeamento familiar
Depois sim teria logica legalizar a interrupção voluntária da gravidez. Pois estariam verdadeiramente criadas as condiçõse para que esta medida fosse realmente uma opçao de último recurso!!
Ora disseste tudo o que penso :-)
Também concordo com os argumentos. Só não concordo com a solução a que chegas...
Não são as mulheres que decidem abortar gozando do seu pleno direito sobre a sua vida enquanto seres humanos, que devem ser penalizadas, aliás julgadas e punidas por lei, pelas falhas da nossa democracia.
Voto SIM!
Sim, a penalização das mulheres é penoso e escusado. Apesar de considerar pessoalmente o aborto em si um acto pouco ético.
O referendo está a meu ver profundamente errado. Ora logicamente também não faz sentido votar nem sim nem não. Deverei evidenciar a minha participação democrática com um voto branco, salvaguardando assim a minha perspectiva de que o referendo não é a medida a executar, mas sim educação sexual, a opção da adopção como lei e a forte educação em que o aborto não constituí uma boa solução.
Uma milher plenamente consciente não aborta. Com gravidez não desejada o Estado deverá assegurar o apoio à criança para adopção e educação. E a mãe regoziza-se pelo facto de dar à vida e pelo facto de evitar um acto que causa tantos traumas hormonais e psicologicos.
-mulher- na gralha do comentário anterior :-))
Eu também não concordo muito com a realização deste referendo...acho que esta questão deveria ser decidida em assembleia como tantas outras igualmente importantes...
não concordo que seja necessária a opnião dos 'portugueses' sobre uma decisão tão pessoal. Porque independentemente das questões éticas...não são os 'portugueses'que vão votar pelo sim em nome do direito à vida que vão apoiar essas vidas indesejadas quando elas surgirem...portanto, não têm direito a intervir nessa decisão, visto que não se responsabilizam pelas suas consequências.
Quanto à opção da adopção,acho óptima. Mas mesmo assim penso que o direito à interrupção voluntária da gravidez deve ser concedido às mulheres. Porque independentemente do que acontece posteriormente, durante a gravidez a mulher sofre alterações no seu organismo, tanto físicas como psíquicas, muitas vezes também traumáticas. Desta forma, deve-lhe ser dado o direito de escolher!!
Quanto à ética...eu não concordo contigo. Acho muito menos ético que o nascimento de um ser indesejado (que ainda não assumiu forma viva...nem consciencia...) seja obrigatório!
E não idealizes as mulheres, amigo! :)
the question is if the state should decide in this personal question. making it legal to make an aborption gives the woman (hopefully with the full support of the man) the choice.
not an easy choice for the woman, but better like that. and yes, improved sexual education could probably help. more in terms of avoiding unwanted pregnancies than anything else.
the current situation with organ donation after death is basically the same in Portugal; the state decides: in this case that everyone is a donor unless one register an objection via the proper authority.
The question, Vera, is then one also of a citizen deciding over its life.
In my humble opinion, I assume laws should make space of free decision when an act from an individual does not interfere in another.
But tha fact, is that society judgles, and in my opinion correctly, that nearly individual acts affects others.
The only feeling that sincerely I have is that society moral values are eroding. While it ponders on the liberalization of several issues such as abortion, adoption by homosexual couples, prostitution or drug usage, then it restricts individual freedom where regards employment, child raising policies, environmental defense and peace values.
I feel that this is a complete absurd and not typical of a caring, evolved and humanistic society.
Society has yet to learn the values of ethical responsability, ethical exercise of authority, freedoms and caring for others..
Thank you anyway for your friendly opinions :-)
I appologize for my fast tiping english (full of mistakes)!
First I would increase sexual education, clinics for helping family planning, sexual pratices and the inconveniences of abortion and then, yes, i could liberalize abortion when abortion is no longer a widespread problem and only as a last solution.
I assume an evolved would rarely use abortion as an option. It would use planning fisrt, adoption secondly and abortion as last one (and on its very early stages).
Tens muita razão!
Só não concordo, mais uma vez, com o que respeita a esta questão em particular... :) :P
Afecta os outros? Possivelmente, mas não é da sua responsabilidade. E julgo que as pessoas deviam insurgir-se bem mais contra a restrição dos seus direitos laborais e económicos, como falas...mas sobre estas questões...o estado não precisa da opinião dos 'portugueses'! :)
Beijitos
E não tens de quê!
Olá Paulo,
Gosto muito de ver um assunto importante como este a ser discutido assim aberta e responsavelmente. Apesar de ser, como dizes e muito bem, apenas um problema entre muitos, acho que é nestas discussões que uma sociedade se faz e que nós nos questionamos sobre quem realmente somos, o que queremos ser, enfim, nos definimos.
Mas não posso deixar de dizer que estou muito espantado contigo! Lembro-me dos tempos em que defendias com bastante garra a possibilidade legal de uma mulher poder recorrer a um aborto sem ser criminalizada por isso (lembro-me até de demonstrares com o facto de as mulheres indígenas da américa do sul usarem ervas arbotivas como controlo da população). Daí o meu espanto!
Do meu ponto de vista continuo a achar que a possibilidade de poder fazer-se um aborto deve ser dada. Não é o passo ideal ou o primeiro mais lógico talvez (aí concordo parcialmente contigo) mas acho que é um passo importante para abrir consciências e possibilitar a mudança na sociedade no geral. Para mim é uma questão de princípios, de definição de sociedade: uma sociedade que não criminaliza o aborto é uma sociedade muito diferente de uma em que abortar é crime.
Acho que uma sociedade em que o aborto é uma possibilidade legal abre portas (pelo menos espero) a uma discussão aberta do problema, e a uma educação sexual mais aberta e consciente. Mais vale encarar e aceitar os problemas do que escondê-los e torná-los criminais, "e não se fala mais nisso!". É quase como o divórcio (sabias que Portugal foi dos primeiros países a legalizar o divórcio?). Depois também acho que op problema neste caso é individual, e nao colectivo, e cada pessoa deve ser responsável pela decisão e não deve ser o estado a dizer "isso está certo, isto está errado". Bem, já vai longa a minha opinião!
Abração e continuem a discussão!
Sim, no fundo o problema está em fazer-se leis. Porque as pessoas deveriam idealmente ser livres e eticamente responsáveis.
A questão que muita gente quer evitar, quer religiosos defensores do não, quer liberais defensores do sim, é como evoluirmos como uma sociedade em que o divórcio não é uma calamidade, em que o aborto não é pensado como solução, e em que o sexo e todas as questões a ele ligadas são discutidas aberta e fracamente.
A sociedade evita o sexo, é claro. Quer mostrar o contrário mas evita-o. Por isso monta indústrias com as poses da moda e mostra-se superficialmente liberal quando não o é.
Assumámos duma vez por todas que é preciso rever-se esses valores. Que precisámos de encontrar questões e soluções. O meu papel que sinto ter que fazer é mostrar às pessoas que existem centenas de ervas abortivas, que existem práticas de contracepção alternativas e muito mal exploradas, mas que o aborto em si possui consequências a meu ver espiritualmente e psicologicamente negativas. Portanto é enfrentando esta questão do sexo, relações e planeamento familiar e contracepção que a sociedade se mostra evoluída.
Digámos que a sociedade poderia discutir o que é verdadeiramente a homosexualidade, a questão dos joens usarem e experimentarem drogas, da monogamia versus poligamia, tentar encontrar esquemas para um melhor planeamento familiar, para que as pessoas se unam na prática sexual sem medos de doenças ou engravidarem. Poderemos ao menos como bem dizes Hélder, ou como tem feito as vossas prezadas participações, discutirmos estes assuntos entre amigos aqui, já que eles lá fora são evitados.
Eu não me preocupo se a mulher ao meu lado na paragem do autocarro fez um aborto legal ou não. Preocupo-me que seja feliz e saudável e livre. Gostava que ela e todos as mulheres e todos os homens se deixassem de sentir separados pelo medo da união e das coisas interiores e se mostrassem como amigos para falarem destas coisas :-)
Bem haja a todos vós... e sintam-se à vontade para ir discutindo estes nossos "medos" e problemáticas pessoais entre nós, por mail, pessoalmente ou por blog.
Provavelmente os meus desabafos estão com uma linguagem um pouco atrapalhada. Não liguem a isso! ;-)
Por falar em contracepção, há um site muito bom e alternativo no assunto. http://www.sisterzeus.com
Sensatez como o que resolverem experimentar.
Há coisas que ainda hoje descubro e que não fazia a mínima ideia. *
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