A acabar em breve se tudo correr bem..
"Faixas arranham-me. Sinto pressão no coração. Num plexus solar que só arde porque não te beijo os lábios, contra-vontade de meus poderosos desejos.
O arco de violoncelo arranha. Estou cortado por emoções que visceralmente me descarnam e expõem toda a alma, bruta e crua, um véu de cristal ondulante que reluz quando sonha com os teus límpidos olhos. Tez rósea - a bateria arrancava já num contratempo mal esperado. Um súbito explodir de perfumes gregorianamente orquestrados. Quase como se o destino divino quisesse impor que o véu ondulasse em direcção à tez agora encarnada. UM desejo que aumenta e não sei se algum dia irá parar.
Talvez devêssemos agora partir no comboio. Está quase a partir, digo. Esse está já na estação de uma sensualidade, consumando-se a cada instante que passa. Como uma amora sorridente. Amora, mulher de amor. Neptuno, senhor dos deuses de um oceano distante de recordações que agora relembro. Estavam cá! Grito, espantado. Era água. Era!
Eram e m o ç õ e s. Emoções. Percebes? Água = emoções? Porque vais partir então? Se lá nem sequer tens mar para ir à praia. Não é egoísmo meu não. Eu sou um mártir. Não te esqueças.
Se algum dia fizessem um Big Brother só com pessoas que impetuosamente não quisessem ser o alvo das atenções eu atirava-me logo para as luzes da ribalta. (ribanceira abaixo) Queria logo destruir o meu protagonismo, o meu ego! Queria ver-me livre de mim e de todos os meus desejos nunca conseguidos ao cair nesse abismo de fama e infortúnio. Cobrir de mil notas de 50 euros para que depois esquecesse toda a alma luminosa que só, irremediavelmente, me puxa para esse cenário belo que não existe! Ou será que já? Sim. Talvez o possa criar, esquecia-me. A criação é tudo. Entretanto a música já está na faixa seguinte. E a minha memória de ti (tal como queria com este desabafo) já cá não está."
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